Analisam-se neste artigo as principais concepções elaboradas por Paulo Freire (1921-1997) a respeito da educação e da mudança social, exercício que permitirá assinalar, no final do trabalho, que sua principal proposta, aquela pedagogia mediante a qual os oprimidos conseguiriam tomar consciência da dominação que sofriam, era uma estratégia complementar a outras formas de luta que assumiam os setores populares, incluindo aquelas que se apoiavam na violência. Para atingir esses objetivos o trabalho contará com quatro seções: na primeira se deterá no processo mediante o qual ele se alfabetizou, na segunda se examinarão as características que fizeram que sua proposta de alfabetização e conscientização tivesse tão boa acolhida, na terceira se contextualizarão suas reflexões no movimento intelectual regional que se propunha contribuir para a construção de uma nova sociedade, e na quarta se precisará o papel que ele outorgava à educação na luta revolucionária.

Apesar de alguns autores definirem “indigenismo” e “indianismo” como movimentos ideológicos de amplas proporções—definição compartilhada por indigenistas e indígenas, e por outros segmentos das sociedades nacionais com suas próprias agendas de proteção aos índios—o presente artigo questiona perspectivas estritamente nacionais do indigenismo/indianismo para reinterpretá-lo como uma filosofia social do colonialismo, que adquire a característica geral de ideologia e prática de dominação dos Estados nacionais latino-americanos, em particular no México e no Brasil. O argumento central é o fato de que “indigenismos” e “indianismos” quando observados sob as lentes dos processos latino-americanos deformação dos Estados e de construção nacional, compartilham do contexto da “colonialidade do poder” e, nesse sentido, podem ser interpretados como variações concomitantes de um processo histórico mais amplo de subordinação e potencial aniquilação da diversidade indígena do continente. Ao propor uma etnografia do indigenismo em perspectiva comparada, esse artigo promove uma melhor compreensão das variadas formas adquiridas pelo pensamento social e pela práxis política sobre os índios nas Américas, analisando até que ponto as transformações e movimentos do pensamento social e das ações indigenistas contemporâneas traduzem, de fato, rupturas mais do que continuidades com seu passado colonial. Trata-se de estudar o indigenismo e as políticas indigenistas como ponto de partida para melhor compreender os regimes de indianidade construídos no processo deformação dos Estados nacionais na América Latina e seus efeitos de poder sobre a etnicidade e formas de auto-determinação indígenas.

In this article, I compare the attitudes to the recent democratic transition in Latin America in La fiesta del Chivo, the 2000 novel, and in its 2005 film adaptation. In the novel, Mario Vargas Llosa describes how Joaquín Balaguer, the Dominican dictator Rafael Trujillo's puppet president, put on the mask of a democrat, absorbed Trujillo's absolute power, and went on to serve as president for twenty-four years. In the novel, Balaguer is a stand-in for the Peruvian dictator Alberto Fujimori, who prepares to serve as president for a third term in a row. Why do Balaguer and the artificial democratic transition that he enacted go missing in the film adaptation? The film details instead the crimes of the dictator Trujillo and his inglorious end. I argue that the director adapts the novel's message to a changed political reality in Peru: the dictator Fujimori fled, and the newly elected president is restoring democratic institutions and government accountability.

What is the impact of exposure to criminal violence on support for political institutions in Latin America? The increase in criminal violence in the region since the return to democratic rule makes this a timely question. Several scholars have demonstrated the impact of a series of variables (political performance, economic performance, interpersonal trust, perception of corruption) on citizens' support for political institutions (system support). The goal of this study is to assess the impact of two additional variables (victimization and perception of violence) that have been neglected in the literature. I test the impact of exposure to violence on system support by using survey data from the 2004 edition of the Latin American Public Opinion Project. My findings demonstrate that both victimization and high perception of violence have a negative impact on system support in Latin America.

O projeto de integração regional Mercosul inclui o ensino de espanhol e português nos países membros. A Argentina e o Brasil têm leis obrigando a ofertar essas línguas aos estudantes no ensino médio, porém os processos de promoção, financiamento e implementação desses compromissos, como o contexto de implementação dessas iniciativas, são marcadamente diferentes. Neste trabalho analiso os últimos vinte anos de política lingüística regional à luz de fatores extralingüísticos e discuto algumas das razões que podem estar influenciando a maior autonomia regional do ensino de português em Buenos Aires, em contraste com uma maior dependência do ensino de espanhol em São Paulo vis-a-vis a Espanha.

During the 1990s, the Argentine federal government dramatically increased the number of workfare programs targeted to the unemployed. The distribution of employment programs, however, varied across provinces. Previous studies suggest that this uneven distribution has taken place because politicians have not distributed programs according to formal eligibility criteria, but rather, in a clientelistic manner to entice voters' support.

I conduct a balanced pooled time series analysis for twenty-four provinces for the period 1993–2002 and find that partisanship, institutional features of the Argentine federal system, social mobilization, and economic factors strongly determine the way in which presidents have distributed employment programs. The results challenge the assumption that these programs have been exclusively used as clientelistic handouts to buy people's votes, and point to the necessity of looking at institutional, social, and economic variables to better understand the criteria used by federal politicians to distribute means-tested programs.

Today women in Guatemala are killed at nearly the same rate as they were in the early 1980s when the civil war became genocidal. Yet the current femicide epidemic is less an aberration than a reflection of the way violence against women has become normalized in Guatemala. Used to re-inscribe patriarchy and sustain both dictatorships and democracies, gender-based violence morphed into femicide when peacetime governments became too weak to control extralegal and paramilitary powers. The naturalization of gender-based violence over the course of the twentieth century maintained and promoted the systemic impunity that undergirds femicide today. By accounting for the gendered and historical dimensions of the cultural practices of violence and impunity, we offer a re-conceptualization of the social relations that perpetuate femicide as an expression of post-war violence.

This research note provides a preliminary discussion of changing agricultural and food procurement strategies in a smallholder farming community in Piribebuy District, Paraguay. Although considerable attention has been paid to the contemporary problems of soy agriculture in Paraguay, it is also important to engage with the experiences of smallholders who are not involved in or affected by soy cultivation, as this highlights farmers' diverse everyday experiences and their agricultural priorities. We consider three issues that have emerged as key to farmer agricultural decision making in this community: farmer perceptions of environmental changes, processes of dietary delocalization via the movement of food from urban centers to rural communities, and the intersection of labor issues and aging farmers.

En el presente artículo se analizará el modo en que las Fuerzas Armadas de Argentina utilizaron el ámbito educativo durante la última dictadura militar en Argentina a fin de consolidar su visión sobre la coyuntura social y política de ese país a través de la formación de futuras generaciones. Con este objetivo se prestará principal atención a las transformaciones en la enseñanza de la historia nacional y más concretamente, en la enseñanza de la historia reciente. El estudio de las transformaciones impulsadas por el régimen dictatorial en la enseñanza de la historia de Argentina posibilitará la reflexión acerca del modo en que se promovió mediante la enseñanza de la historia nacional una reorganización moral y educativa como parte esencial de las herramientas transformadoras que habilitaron y desplegaron la dictadura militar entre 1976 y 1983.