Published online by Cambridge University Press: 05 September 2022
Este artigo é uma análise histórica das relações entre nacionalismo, biogeografia, internacionalismo e conservação da natureza no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. A produção e a divulgação do conhecimento biológico mostraram-se repletas de conteúdos políticos e se ligaram a diversas ações intelectuais e políticas mais amplas para a construção de uma identidade nacional. Privilegiando a obra do zoólogo Cândido de Mello Leitão, argumento que o estudo da zoogeografía permitiu-lhe adotar uma abordagem inovadora e complexa sobre a fauna brasileira. Suas análises evidenciavam o caráter ínfimo da história humana e das fronteiras políticas, no âmbito maior das eras geológicas e da vida na Terra. Nesse processo, Mello Leitão relativizou o tempo e o espaço da nação brasileira, aproximandose das tendências crescentemente internacionalistas do conservacionismo.
This article is a historical analysis of the connections of nationalism, biogeography, internationalism, and conservationism in Brazil in the 1930s and 1940s. The production and circulation of biological knowledge were enmeshed with politics and connected to various scholarly and political efforts to construct a national identity. Focusing on the works of the Brazilian zoologist Cândido de Mello Leitão, I argue that the study of zoogeography allowed him to adopt an innovative and complex approach to Brazilian fauna. His analyses placed ephemeral human history and political frontiers within the larger scale of geological time and the history of life on Earth. Despite his initial nationalist conception of nature, Mello Leitão questioned the temporal and geographic limits of the Brazilian nation and came closer to the increasingly internationalist perspective of conservationism.
Este artigo resulta de pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra as investigações do grupo de pesquisa “Coleção Brasiliana: Escritos e leituras da nação”, da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradeço a Armando Olivetti.