O presente artigo tem como objetivo analisar a reação da organização indígena na região do norte do Cauca, na Côlombia, em face do confronto armado em seu território no período 2000–2005, tentando explicar como esta organização consegue realizar um tipo de resistência ativa ao conflito. O estudo é essencialmente do tipo etnográfico e trabalha com uma perspectiva que privilegia o estudo dos elementos culturais e identitários para a compreensão das ações coletivas, aos moldes de Sonia Alvarez, Evelina Dagnino e Arturo Escobar (2001) em seu livro “Política Cultural e Cultura Política nos Movimentos Sociais Latino-Americanos”.
O artigo apresenta as interpretações e definições de conflito armado e paz encontradas nos discursos dos membros do movimento indígena nortecaucano. Argumenta-se que, no caso indígena, a cultura e seu processo identitário no âmbito da organização são fontes importantes de elementos simbólicos que sustentam os processos de resistência e ao mesmo tempo criam um espaço alternativo importante sobre o tema do conflito armado e da paz no país a partir da sociedade civil, em contraponto às visões tanto do Estado quanto dos atores armados e suas propostas sobre este tema.